António Vieira
Padre/Escritor
Portugal
6 Fev 1608 // 18 Jul 1697
O Amor Fino
O amor fino não busca causa nem fruto.
Se amo, porque me amam, tem o amor causa;
se amo, para que me amem, tem fruto:
e amor fino não há-de ter porquê nem para quê.
Se amo, porque me amam, é obrigação,
faço o que devo: se amo, para que me amem,
é negociação, busco o que desejo.
Pois como há-de amar o amor para ser fino?
Amo, quia amo
amo, ut amem: amo,
porque amo, e amo para amar.
Quem ama porque o amam é agradecido.
quem ama, para que o amem, é interesseiro:
quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino.
Padre António Vieira, in “Sermões”